RESUMO
Esta tese tem por objeto a construção de um perfil da gestão escolar no Brasil,
procurando cotejar as relações entre as concepções dos autores do campo e a realidade
encontrada nas escolas públicas de educação básica. Esse perfil emerge, de um lado, da
análise da produção acadêmica no país entre 1930 e 2004, utilizando-se para tanto das
bibliografias de referência no campo (até a década de 1980) e dos resumos das teses e
dissertações do banco de teses da CAPES. Por outra parte, a tese constrói o perfil do
diretor e dos processos de gestão escolar a partir do banco de dados do SAEB 2003,
coletado a partir dos instrumentos de medida de contexto (questionários) aplicados em
diretores, professores e alunos de escolas públicas que participaram daquela avaliação.
Discutindo teoricamente com diversos autores, especialmente com Weber e Bourdieu, a
pesquisa avalia a face política da gestão escolar, os elementos da sua democratização, os
instrumentos e processos da gestão, o papel do dirigente na condução da política escolar
e a natureza da função de diretor e as formas de dominação nas relações de poder que se
estabelecem na escola. O cotejamento daqueles perfis, mediado pela análise
possibilitada pela base teórica, permite as seguintes conclusões: entre os diretores
parece haver uma marca de gênero forte, que faz com que os homens ganhem mais e
ascendam à função com menos idade e experiência e destacadamente ocupam
proporcionalmente mais as direções das escolas nas quais o poder simbólico parece ser
menos explícito; a gestão das escolas públicas caminha para ampliação da
democratização da política escolar, mas há ainda forte presença do patrimonialismo e do
controle político institucional sobre as escolas e seus dirigentes; as escolas cujos
diretores foram eleitos têm conselhos mais ativos e construíram projetos pedagógicos de
forma mais independente e com maior participação coletiva, sugerindo que há uma
espécie de educação política mais ampliada nas escolas mais democráticas; os diretores
mais experientes na educação tendem a ter mais disposição ao diálogo com os seus
pares e com as comunidades do que os mais novos; a política escolar, centrada na figura
do diretor, é articulada de maneira a articular o máximo possível os interesses da
comunidade e as disposições dos sistemas de ensino, traduzidas pelos posicionamentos
das instâncias superiores ao diretor.
Texto: ÂNGELO RICARDO DE SOUZA
PERFIL DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL
Tese de Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade
Pontíficia Universidade Católica de São Paulo
São Paulo, 2006.
link: http://www.nupe.ufpr.br/angelotese.pdf
“O planejamento não é uma tentativa de predizer o que vai acontecer. O planejamento é um instrumento para raciocinar agora, sobre que trabalhos e ações serão necessários hoje, para merecermos um futuro. O produto final do planejamento não é a informação: é sempre o trabalho.” Peter Drucker.
Nenhum comentário:
Postar um comentário