domingo, 29 de maio de 2016

PERFIL DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL

RESUMO

Esta tese tem por objeto a construção de um perfil da gestão escolar no Brasil, procurando cotejar as relações entre as concepções dos autores do campo e a realidade encontrada nas escolas públicas de educação básica. Esse perfil emerge, de um lado, da análise da produção acadêmica no país entre 1930 e 2004, utilizando-se para tanto das bibliografias de referência no campo (até a década de 1980) e dos resumos das teses e dissertações do banco de teses da CAPES. Por outra parte, a tese constrói o perfil do diretor e dos processos de gestão escolar a partir do banco de dados do SAEB 2003, coletado a partir dos instrumentos de medida de contexto (questionários) aplicados em diretores, professores e alunos de escolas públicas que participaram daquela avaliação. Discutindo teoricamente com diversos autores, especialmente com Weber e Bourdieu, a pesquisa avalia a face política da gestão escolar, os elementos da sua democratização, os instrumentos e processos da gestão, o papel do dirigente na condução da política escolar e a natureza da função de diretor e as formas de dominação nas relações de poder que se estabelecem na escola. O cotejamento daqueles perfis, mediado pela análise possibilitada pela base teórica, permite as seguintes conclusões: entre os diretores parece haver uma marca de gênero forte, que faz com que os homens ganhem mais e ascendam à função com menos idade e experiência e destacadamente ocupam proporcionalmente mais as direções das escolas nas quais o poder simbólico parece ser menos explícito; a gestão das escolas públicas caminha para ampliação da democratização da política escolar, mas há ainda forte presença do patrimonialismo e do controle político institucional sobre as escolas e seus dirigentes; as escolas cujos diretores foram eleitos têm conselhos mais ativos e construíram projetos pedagógicos de forma mais independente e com maior participação coletiva, sugerindo que há uma espécie de educação política mais ampliada nas escolas mais democráticas; os diretores mais experientes na educação tendem a ter mais disposição ao diálogo com os seus pares e com as comunidades do que os mais novos; a política escolar, centrada na figura do diretor, é articulada de maneira a articular o máximo possível os interesses da comunidade e as disposições dos sistemas de ensino, traduzidas pelos posicionamentos das instâncias superiores ao diretor.

Texto: ÂNGELO RICARDO DE SOUZA PERFIL DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Tese de Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade Pontíficia Universidade Católica de São Paulo São Paulo, 2006.
link: http://www.nupe.ufpr.br/angelotese.pdf


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